Projecto sicial e desportivo destinado a Crianças, Jovens e Pessoas Portadoras de Deficiência.

A Vela Solidária é um projecto de cariz social que utiliza a prática da vela como ferramenta facilitadora para elevar os níveis de socialização, tolerância, auto estima e comunicação dos seus beneficiários, contribuindo para a construção de objectivos de vida mais realistas e concretos, sobretudo no caso dos jovens. É ainda uma excelente ferramenta na valorização da qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiência, para além de elevar a mobilidade e autonomia bem como, desempenhar um papel de relevância no que respeita à estimulação cognitiva.

Desenvolvemos actividades regulares em Portimão e Lagos e contamos com cerca de uma centena de beneficiários de diversas instituições.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A aventura dos Embaixadores da Vela Solidária

O velejador portimonense João Liberato e a sua namorada Natali Santos cumpriram o primeiro grande desafio da sua volta ao mundo, ao chegarem a terras do Cristo Redentor, três meses após zarparem de Portimão.
A partida foi um momento emocionante com muitos amigos e familiares presentes na Marina de Portimão e a acompanharem as primeiras milhas.
Em Portimão e em Portugal em geral deixaram um sentimento de saudade mas também de alguma inveja pois, ainda são tão jovens e já estão a  concretizar o sonho de uma vida.
Após um mar agitado e quase uma semana de navegação chegaram à ilha canária de Lanzarote, onde entre tapas e reconhecimento turístico foi necessário proceder a pequenas reparações e melhoramentos no Babilé.
O próximo destino é Fuerteventura mas antes, ainda há tempo para uma paragem na Isla de Lobos, um "ilhote que fica localizado entre Lanzarote e Fuerteventura e seu nome deve-se à extinta população de lobos marinhos que lá vivia antes da civilização humana acabar com ela".
Já em Fuerteventura, a estadia destinou-se sobretudo a relatar as aventuras que tinham sido vividas desde Portimão e a esperar que os ventos fossem mais favoráveis a uma viagem até Cabo Verde.
Mas os ventos não foram uma grande ajuda para percorrer as cerca de 900milhas que separam o arquipélago das Canárias do arquipélago de Cabo Verde e foram necessários 12 dias para o João e a Natali poderem pisar terra firme novamente.
Entre alguma pescaria bem sucedida, um dourado e um atum, esta travessia não chegava ao fim e como estes dois velejadores relataram
"Pensávamos que tinham mudado Cabo Verde de lugar pois nunca mais aparecia na nossa proa! Mas eis que cá estamos (chegámos às 17h local), cansados mas felizes e tranquilos no porto da Palmeira, na ilha do Sal… pois após 12 dias de mar, assim... que vimos sinal de terra parámos! Na chegada, fomos escoltados por um grupo saltitante de golfinhos e o tal vento, que tanto se escondeu e finalmente apareceu soprando 22 nós!"
Dias mais tarde foi a Baía do Mindelo a anfitriã dos Embaixadores da Vela Solidária. Foi uma estadia muito rica, com o reencontro com amigos portugueses, estabelecer novas amizades com locais e outros como o João e Natali, que viajam pelo mundo, na verdade, uma experiência que não poderia deixar de ser vivida.
Foi também no Mindelo que se celebrou o Natal e a passagem de ano, pela primeira vez longe de Portugal e do Brasil.
Cabo Verde é MORABEZA, ou seja "um regionalismo crioulo que traduz o que é Cabo Verde: amor, beleza e amabilidade, que é, na realidade, tudo aquilo que nos faz sentir bem-vindos em qualquer parte do mundo. Para se falar de Cabo Verde é obrigatório falar na Morabeza, a arte de bem receber. Um arquipélago de gente hospitaleira, amável e humilde, que recebe com uma simpatia contagiante e sempre com um sorriso nos lábios."
Após 20 dias nesta magnifica terra com os seus ritmos únicos, estava na hora de zarpar rumo ao Brasil. Primeira paragem seria Fernando Noronha a cerca de 1400 milhas de distancia, mas antes, alguns problemas técnicos obrigaram o Babilé a efetuar uma paragem em Sº Pedro, mas felizmente existia a bordo todo o material necessário para resolver os problemas.
A travessia até Fernando Noronha foi bastante rápida, com passagem pelo Equador e como não podia deixar de ser, o batismo dos tripulantes do Babilé em honra do Deus Neptuno.
Em Fernando Noronha, para além de todas as taxas e custos exorbitantes mesmo para se visitar um paraíso na Terra ficam as palavras da Natali,
"a água límpida e quente, sem dúvida a mais límpida e quente na qual já mergulhámos, descontraidamente, de dia, de noite, sempre que sentíamos o menor ímpeto de mergulhar... e ao final do dia, todos os dias, para tomar o nosso banho misto: primeiro água salgada, depois água doce. A vista inigualável, o morro do Pico à direita, as ilhas de leste à esquerda, cada qual com tons mais fabulosos ao nascer e por do sol. O som constante e agradável dos pássaros, frenéticos, nas ilhas de leste, o peixe assado na folha de bananeira, ultra fresco, comido na barraca de praia metida no meio da vegetação verdejante no sopé do morro. Os golfinhos à chegada e à partida, a vista sobre o Dois Irmãos, a emoção de ver terra depois de tanto mar e a insatisfação de, infelizmente, não poder ter mais."
Depois, restava chegar ao continente Sul Americano e finalizar a travessia do Oceano Atlântico. Dois dias foi o tempo necessário para percorrer a distancia que fez o Babilé chegar a Recife e ai deparar-se com uma cidade imponente, barulhenta e tranquila ao mesmo tempo,
"Tudo, numa imagem de eterno sossego, completamente alheia à adjacente fúria da grande cidade que se estende para lá da margem do rio. impercetível no seu som e invisível no seu ritmo, apercebemo-nos da sua existência, a partir de onde estamos, apenas pela imagem dos estáticos edifícios que a sustentam."
 
O João e a Natali para além de Amigos, aventureiros e exemplos de vida são Embaixadores da Vela Solidária e esperamos encontrar condições para que no Brasil possam transmitir estas experiências tão ricas a crianças e jovens desfavorecidos e a pessoas portadoras de deficiência e assim contribuírem para que a Vela Solidária se replique junto dessas comunidades.

 

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